Dermatologia clínica com acolhimento e informação
A pele é o maior órgão do nosso corpo e a comunicação do mundo exterior com o nosso organismo – e isso é muito sério
Quando você pensa em boa saúde, também considera os cuidados com a sua pele? Se não, deveria, afinal, estamos falando sobre o maior órgão do corpo humano, que nos protege contra tudo o que vem de fora: das bactérias ao sol.
Esse nosso grande escudo é bastante exposto a agressões externas, que podem se tornar doenças de pele como micoses, mas também pode manifestar condições internas, como distúrbios hormonais que podem culminar em problemas como a acne, a rosácea, o melasma, a psoríase.
O dermatologista é um profissional que te acompanhará em todos os momentos da vida: desde a puberdade, com os cuidados necessários após as mudanças hormonais dessa fase até o gerenciamento do envelhecimento, passando por todas as intercorrências que se tem ao longo da vida: traumas, cicatrizes, alergias, entre outros.
As doenças de pele têm entre suas causas mais frequentes fatores como:
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Bactérias, fungos e outros parasitas;
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Alterações hormonais;
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Doenças autoimunes e inflamatórias;
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Genética;
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Contato com agentes alérgenos ou infecciosos;
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Distúrbios metabólicos, como o diabetes mellitus;
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Exposição sem proteção ao sol e calor.
Pele e hormônios: entenda melhor essa relação
Os hormônios são os “mensageiros” do organismo e afetam diretamente a saúde da pele. Diversas condições dermatológicas têm causas hormonais, como a acne, o melasma e o próprio processo de perda de colágeno que é acelerado pelo declínio hormonal.
Acne: a inimiga número 1 dos adolescentes
Os fatores hormonais são exatamente o motivo pelo qual a acne é associada à adolescência. As flutuações de hormônios dessa fase da vida fazem uma verdadeira bagunça que aumenta a produção das glândulas sebáceas e, consequentemente, a oleosidade da pele.
A acne pode afetar a pele em diferentes graus de gravidade, segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia, essa é a sua classificação:
Tipos de acne
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Acne Grau I: presença apenas de comedões (cravos), sem lesões inflamatórias (espinhas).
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Acne Grau II: comedões, pápulas e pústulas.
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Acne grau III: comedões, pústulas e cistos.
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Acne Grau IV: comedões, pústulas e lesões císticas maiores que podem se interconectar pela pele, formando “túneis”.
Fonte: SBD
Mas apesar de a associação ser praticamente imediata, a acne não é exclusividade dos adolescentes e pode afetar desde bebês até idosos. Entenda melhor sobre outros tipos de acne.
Acne neonatal
É um tipo que pode ocorrer nos primeiros meses dos bebês como resultado da troca hormonal entre mãe e criança na gestação, mas não causa incômodos e costuma se resolver por si só.
Acne hormonal
Embora a acne seja frequentemente associada a causas hormonais, existe o tipo causado pelo desequilíbrio nos níveis de testosterona, que em excesso aumentam a oleosidade da pele. Esse tipo de manifestação tem como particularidade o surgimento das espinhas na região que chamamos de “zona U”: parte inferior do rosto (mandíbula, queixo e pescoço), colo e região superior das costas.
Acne fulminante ou acne conglobata
É a acne em grau IV, o tipo mais grave de acne e é um tipo bem raro. Seus sintomas são severos e vão além das pústulas, causa febre, dores articulares e aumenta os glóbulos brancos do sangue. É mais frequente entre pessoas do sexo masculino. Dentre suas causas estão a genética, desequilíbrio de testosterona e resposta imunológica a alguns medicamentos.
O tratamento depende do grau das lesões e da causa, mas pode ser feito por meio de medicação oral, tópica e com protocolos que melhoram a qualidade e aparência da pele, como a Luz Intensa Pulsada e o microagulhamento, que agem também nas cicatrizes.
Por ser uma doença sistêmica, o tratamento também precisa de mudanças de hábitos para ter sucesso, como boa alimentação (o excesso de alimentos gordurosos e açúcar aumenta a oleosidade da pele), higiene adequada da pele e cuidados diários como o uso de proteção solar.
Tratamentos para a acne
Melasma: não tem cura, mas tem tratamento
Outra condição de pele que tem como causa os hormônios é o melasma, que são manchas acastanhadas que se manifestam principalmente no rosto e podem ter como gatilho o uso de anticoncepcionais, gravidez, doenças inflamatórias e, é claro, a predisposição genética.
Apesar de a ciência não saber muito bem a causa do melasma, que é uma hiperpigmentação crônica da pele por uma disfunção dos melanócitos, sabe-se que a exposição ao sol, ao calor e à luz de telas como a do celular e computador são agravantes da coloração das manchas.
Todo mundo precisa usar protetor solar diariamente – independentemente da exposição ao sol ou não, mas no caso de quem tem melasma esse cuidado é ainda mais importante. A recomendação é, inclusive, que o protetor seja com cor para formar uma barreira física entre a pele e a luz.
O melasma não arde e não dói, mas não tem cura. Os cuidados com a pele devem ser contínuos.
Tratamento para melasma
O melhor tratamento para o melasma é o uso diário de protetor solar, mas existem maneiras de clarear a pele como medicações tópicas. Alguns tipos de peeling podem ajudar a uniformizar o tom da pele, mas não qualquer tipo, ou pode ocorrer um efeito rebote e a mancha escurecer. A Luz Intensa Pulsada também é indicada em casos de manchas escurecidas, mas o maior cuidados que a pessoa com melasma precisa ter é a fotoproteção.
Você é uma daquelas pessoas que está sempre com o rosto vermelhinho e às vezes um pouco quente? Pode ser rosácea, uma doença inflamatória que deixa a pele do rosto rosada (daí vem o nome) e bastante sensibilizada.
Sua causa, assim como a do melasma, não é conhecida, e também não tem cura – mas tem controle. O tempo seco agrava a rosácea, bem como frio ou calor extremos, alguns tipos de alimentos, medicações e o estresse.
Pele vermelinha? Pode ser rosácea
Tratamento para rosácea
O tratamento é realizado para amenizar os sintomas, já que a rosácea não tem cura e pode ser feito com medicação oral ou tópica e tecnologias, como alguns tipos de laser.
Lembrando que essa é uma pele que precisa de hidratação e limpeza suave. Produtos muito abrasivos pioram a inflamação.
Micoses e infecções por fungos
O nome micose é o termo popular dado a qualquer infecção por fungos na pele, couro cabeludo e unhas. Existem diversos tipos de micose, mas alguns são mais comuns, conheça alguns:
Onicomicose ou micose de unha
É um tipo de infecção por fungos que desfiguram e destroem a unha. Seus sintomas incluem a mudança na cor, descamação, espessamento e descolamento da unha doente. O tratamento é tópico e também inclui cuidados com hábitos de higiene, como limpeza e secagem bem feita dos pés e unhas, uso de calçados e meias que absorvam o suor.
Frieira ou pé-de-atleta (micose de pé):
A infecção por fungos conhecida como frieira tem como características a formação de rachaduras ou bolhas entre os dedos dos pés. Causa coceira intensa, sensação de queimação e até mesmo dor. É altamente contagiosa e por isso pode ser transmitida por superfícies contaminadas, como o chão do vestiário da academia. O tratamento pode ser feito com medicação oral e tópica, além dos cuidados com a higiene e secagem minuciosa dos pés e entre os dedos após o banho.
Pano branco, micose de praia pitiríase versicolor
É causada por um fungo que causa pequenas manchas esbranquiçadas na pele, porque produz uma substância que impede a pele de produzir melanina quando exposta ao sol, ou seja, a pele não bronzeia nos locais infectados pelo fungo. Esse, aliás, é um fungo que já existe na nossa pele, mas que pode ter uma proliferação exagerada quando em condições adequadas, como excesso de suor e oleosidade da pele. O tratamento é feito por meio de medicação tópica.
Dermatofitose
É uma infecção fúngica que causa manchas vermelhas escamosas em qualquer área do corpo. A infecção acontece pelo contato direto ou indireto com a infecção. O tratamento pode ser tópico ou oral, muitas vezes associados.
Tinha capilar
É uma infecção fúngica do couro cabeludo que pode causar a queda dos fios. Seus sintomas incluem coceira, aparecimento de placa arredondada com ausência de pelos ou com pelos tonsurados ou quebrados, dor ou leve vermelhidão na área e nos casos inflamatórios pode haver secreção através da ferida, aumento de volume, dor de cabeça simulando quadro de meningite. O tratamento é feito com medicação oral e xampus antifúngicos.
Infecções de pele virais
As infecções de pele causadas por vírus são mais frequentes na infância e incluem doenças como catapora, herpes, sarampo, síndrome mão-pé-boca e molusco.
São doenças cujo contágio acontece com o contato direto entre a pele e outra pessoa ou superfície infectada. Os sintomas na pele costumam desaparecer por completo após o fim do ciclo viral, mas algumas dessas doenças podem ter outras sequelas para a saúde, por isso manter o esquema vacinal em dia é importante.
Herpes zoster
Popularmente conhecido como cobreiro, é uma outra doença viral que se manifesta na pele e causa muita dor é o herpes zoster, que é uma reativação do vírus varicela zoster, que também causa a catapora. Em tese, qualquer pessoa que já teve catapora pode desenvolver o herpes zoster e esse gatilho ainda é desconhecido, mas há hipóteses de que problemas de imunidade sejam os responsáveis por reativar o vírus encubado.
É uma doença que causa dor intensa, mesmo após o desaparecimento das lesões na pele porque o vírus se aloja na raiz dos nervos. O tratamento pode ser oral, tópico e em alguns casos precisar da intervenção de um neurologista.
Doenças autoimunes da pele
Psoríase
É uma doença crônica caracterizada por manchas avermelhadas ou arroxeadas escamosas que podem cobrir qualquer parte do corpo. Pode causar coceiras e irritações da pele e apesar de não ser contagiosa é ainda muito estigmatizada. Não tem cura e pode ter como gatilhos fatores emocionais, falhas do sistema imunológico e infecções ou o frio. O tratamento para os sintomas é feito com medicações tópicas e Luz Pulsada.
Vitiligo
É uma doença genética que faz com que os melanócitos se tornem alvos dos linfócitos T desregulados, o que causa a despigmentação da pele. Não tem cura, mas pode ser controlado, por meio de medicamentos que induzem a repigmentação da pele afetada, medicação tópica e tecnologias como laser e fototerapia. Também é possível tratar cirurgicamente, por meio do transplante de melanócitos.
Câncer de pele
O câncer da pele corresponde a 33% de todos os diagnósticos da doença no Brasil. De acordo com informações do Instituto Nacional do Câncer (INCA) anualmente são registrados cerca de 185 mil novos casos.
Existem dois grandes tipos de câncer de pele: os não-melanoma e os do tipo melanoma.
Câncer de pele não-melanoma
O câncer da pele não-melanoma é o tipo mais comum e não tem uma taxa alta de mortalidade. É causado na maioria das vezes pela exposição prolongada à radiação ultravioleta do sol ou de outras fontes.
Melanoma de pele
É um tipo de câncer que se desenvolve nos melanócitos, as células de pigmento da pele e é o mais grave dos cânceres de pele, pode ser detectado por meio do checkup dermatológico anual.
Diagnóstico de câncer de pele
Para fechar o diagnóstico de câncer de pele é preciso realizar uma biópsia da região suspeita, que pode ser uma biópsia incisional, que remove um fragmento da lesão ou que remove a lesão inteira, a biópsia excisional.
Tratamento e prevenção do câncer de pele
O uso diário do protetor solar é a melhor maneira de evitar o surgimento dos cânceres de pele. Observar a evolução de pintas, manchas ou verrugas também é recomendado.
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Observe qualquer mudança de coloração tamanho ou formato de pintas ou verrugas;
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Fique atento a manchas que sangram com facilidade;
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Desconfie de feridas que não cicatrizam.
O tratamento do câncer de pele pode ser feito com a remoção cirúrgica da área afetada.
Outros métodos terapêuticos incluem quimioterapia, radioterapia, imunoterapia e medicações orais.